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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


VÍDEO-AULA 28- DEPRESSÃO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

MÓDULO II - DISCIPLINA: SAÚDE NA ESCOLA

http://youtu.be/iGb0pmKgtUw




 Estão completamente erradas as pessoas que dizem: “crianças não ficam deprimidas porque não têm problemas”. E quem disse que precisa de problemas para ter depressão? Os problemas trazem tristeza, ansiedade e angústia. É claro que as vivências podem agravar nosso estado de humor, mas depressão é outra coisa. É uma doença, um transtorno do afeto, é um desarranjo cerebral funcional e tem uma base bioquímica .
Existe sim depressão na criança, porém, trata-se de um quadro atípico. Dificilmente veremos uma criança queixando de angústia, um vazio dentro de si, um medo indefinido, insegurança, autoestima baixa, perda de prazer com as coisas, perspectivas futuras sombrias... Isso é discurso depressivo típico e de adultos. Na criança a depressão é completamente diferente.
Outro fator que compromete o entendimento da depressão infantil é a grande diferença entre seus sintomas e os sintomas da depressão do adulto. Enquanto o adulto deprimido consegue falar sobre seus sentimentos, deixando clara a tonalidade depressiva de seu afeto e, conseqüentemente, de seus sintomas depressivos, a criança não consegue ter essa consciência e sua depressão só pode ser indiretamente suspeitada através de seu comportamento.  Algumas características sobre a depressão infantil: 

1 - Humor instável,
2 - Autodepreciação,
3 - Agressividade ou irritação,
4 - Distúrbios do sono,
5 - Queda no desempenho escolar,
6 - Diminuição da socialização,
7 - Modificação de atitudes em relação à escola,
8 - Perda da energia habitual, do apetite e/ou do peso.

Na criança e adolescente a forma atípica desse transtorno afetivo esconde os verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas, devido a incapacidade para comunicar verbalmente seu verdadeiro estado emocional, manifestam a depressão de forma mais atípica ainda, notadamente com hiperatividade.
A depressão na criança pode ser inicialmente percebida como perda de interesse pelas atividades habitualmente interessantes, como uma espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes, sair com os amigos, etc., além dessa apatia, preguiça e redução significativa da atividade, às vezes pode haver tristeza, mas essa não é a regra geral.
De forma complementar aparecem sintomas muito significativos, como por exemplo,  diminuição da atenção e da concentração, perda da confiança em si mesmo, sentimentos de inferioridade e baixa autoestima, ideias de culpa e inutilidade, tendência ao pessimismo, transtornos do sono e da alimentação e, dependendo da gravidade do quadro, até ideação suicida.


Sintomas

Depressão Infantil não se traduz, invariavelmente, por tristeza e outros sintomas típicos dos adultos, como foi dito acima. É muito importante saber que existem momentos nos quais as crianças podem estar tristes, irritadas ou aborrecidas em resposta a vivências circunstanciais. Essas manifestações emocionais nada têm a ver com depressão, pois são fisiológicas, fugazes e passageiras. Entretanto, pode-se suspeitar de algum componente depressivo quando essas manifestações de aborrecimento, birra, irritação, inquietação ou outros rompantes são constantes e frequentes, quase caracterizando uma maneira dessa criança ser e reagir.
Nas crianças e adolescentes é comum a depressão ser acompanhada também de sintomas físicos, tais como fadiga, perda de apetite, diminuição da atividade, queixas inespecíficas, tais como cefaléias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vômitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. A Depressão na Infância e Adolescência costuma se manifestar ainda por insônia, choro, baixa concentração, irritabilidade, rebeldia, tiques, medos lentidão psicomotora, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente.
Na esfera do comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração nas relações interpessoais, familiares e sociais, perda de interesse por pessoas e isolamento. As alterações cognitivas da Depressão Infantil, principalmente relacionadas à atenção, raciocínio e memória interferem sobremaneira no rendimento escolar.


SINAIS E SINTOMAS SUGESTIVOS DE DEPRESSÃO INFANTIL
1- Mudanças de humor significativa
2- Diminuição da atividade e do interesse
3- Queda no rendimento escolar, perda da atenção
4- Distúrbios do sono
5- Aparecimento de condutas agressivas
6- Auto-depreciação
7- Perda de energia física e mental
8- Queixas somáticas
9- Fobia escolar
10- Perda ou aumento de peso
11- Cansaço matinal
12- Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil)
13- Negativismo e Pessimismo
14- Sentimento de rejeição
15- Idéias mórbidas sobre a vida
16- Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama)
17- Condutas anti-sociais e destrutivas
18- Ansiedade e hipocondria


O sintoma de desinteresse proporcionado pela depressão é de origem emocional, é a perda do prazer ou gosto em fazer as coisas e acaba resultando em abandono de atividades antes prazerosas. A criança com tal desinteresse torna-se mais retraída, apática e isolada. O sintoma de desânimo, por sua vez, é físico, e surge como uma perda da energia global, geralmente confundida com preguiça e responsável por muitos exames de sangue em busca de uma anemia que não se confirma.
Na depressão infantil podem existir explosões emocionais desproporcionais aos estímulos, bem como rebeldia, birra, implicância, atitudes de oposição. Entretanto, é muito importante determinar se esses sintomas estão, de fato, relacionados com um quadro depressivo ou se são parte das ebulições emocionais normais do desenvolvimento infantil.
Para se estabelecer o diagnóstico de Depressão na criança é necessário avaliar sua situação familiar, existencial, o nível de maturidade emocional e, principalmente, a autoestima. Além das entrevistas com a criança, é importante observar sua conduta segundo informações dos pais, professores e outros colegas médicos ou psicólogos, atribuindo pesos adequados a cada uma dessas informações.

Disforia e Depressão

Uma variação afetiva menos grave que a depressão, mas que também pode necessitar cuidados especiais, é a chamada Disforia. A Disforia é uma oscilação do humor comum e cotidiana sem conotação de doença depressiva franca. Trata-se de respostas afetivas bastante expressivas aos eventos diários e, embora sejam emocionalmente exuberantes, tais reações são breves e não comprometem significativamente a adaptação social, escolar e familiar. Se a preferência é chamar as crianças disfóricas de crianças sensíveis ou exageradamente sentimentais pode e não se vê diferença conceitual entre a Disforia das crianças com a Distimia dos adultos.

Na realidade, a Disforia é um sentimento de tristeza, angústia e abatimento emocional desproporcional que pode surgir sem motivo aparente ou em decorrência dos problemas existenciais normais e cotidianos, tais como as correções dos pais, desentendimentos com irmãos, aborrecimentos na escola, frustrações variadas, etc. A diferença entre Disforia e Depressão é em relação à evolução benigna da Disforia, o que nem sempre acontece no quadro depressivo.
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Comparativamente, existe maior dificuldade adaptativa da criança disfórica na lida com as exigências da vida, como por exemplo, diante das mudanças, seja de escola, de babá, de cama, de quarto, ou diante da chegada de um irmãozinho, ou quando precisa esperar... A recuperação das vivências estressantes do cotidiano é mais demorada na criança com Disforia do que na criança normal e, apesar dessas pequenas dificuldades, a Disforia não tem nunca o mesmo grau de gravidade da depressão franca.
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Tratamento

Ao se pensar no tratamento o passo mais importante é a certeza do diagnóstico. Depois de diagnosticada depressão infantil é necessário avaliar o grau da doença e sua origem. Nas crianças menores a probabilidade de existir forte componente orgânico é maior, principalmente se houver antecedentes familiares de transtorno afetivo. Nas crianças de idade escolar para frente a depressão pode ser também reativa, ou seja, desencadeada ou determinada por questões vivenciais.
As eventuais associações ou complicações do quadro depressivo, sejam causas ou conseqüências, devem ser avaliadas para eventuais abordagens por profissionais especializados, paralelamente ao tratamento médico-psiquiátrico (bulling, violência física, sexual, maus tratos, falhas educacionais, prejuízos acadêmicos, etc.).
O tratamento da criança deprimida deve ser iniciado o mais precoce possível, antecedido por avaliação do grau da depressão e possível definição do tipo e tempo do tratamento. Para as crianças mais novas, pré-escolares, se a depressão for mais leve recomenda-se a terapia cognitivo-comportamental, de preferência para paciente e família, ou o chamado treinamento de necessidades sociais, que é semelhante à terapia cognitivo-comportamental, porém, com grande enfoque em atividades abertas e desenvolvimento de habilidades específicas, além da psicoterapia com foco no relacionamento familiar.
Nos casos de depressão mais severa deve-se indicar um tratamento psicológico mais intensivo e muitas vezes medicamentoso. Nessa faixa etária precoce, em torno dos 6 anos, na vigência de complicações importantes, tais como anorexia, sintomas de TOC, ideação suicida, apatia extrema, sintomas psicóticos de origem afetiva, os medicamentos antidepressivos poderão ser imprescindíveis.


Sugestão de leitura:

Ballone GJDepressão Infantil, in. PsiqWeb, Internet, disponível em: www.psiqweb.med.br, 2010.


REFERÊNCIAS

Vídeo-aula 28: A depressão na infância e na adolescência ministrada pela professora Paula Fernandes da Unicamp.



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